sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Uma experiência que deu certo!

Sou professora de Português na Escola Estadual de Educação Básica Professor Willy Roos, em Agudo. No decorrer do ano percebi que meus alunos da sétima série apresentavam dificuldade em realizar resumos de textos lidos. O que faziam era meramente uma cópia de passagens dos mesmos, o que gerava – muitas vezes – trabalhos desconexos e incompreensíveis. Surge a pergunta: como trabalhar resumo de texto? Como isso ser uma tarefa prazerosa?
Veio-me então a ideia de trabalhar com um livro atraente, de fácil assimilação. Foi o que fiz. Entre inúmeros títulos, optei por apresentar a eles “O Pequeno Príncipe” de Antonie Saint Exupèry.  A cada aula, lia para a turma um ou dois capítulos da obra. Logo em seguida passávamos à compreensão do que havíamos lido. Durante alguns minutos discutíamos as passagens, facilitando o entendimento. Logo após cada aluno escrevia em seu caderno um resumo do que havia entendido. Em seguida, dois ou três alunos liam seus resumos e voltávamos para as atividades rotineiras da sala. Isso acontecia a cada início de aula e eu nem precisava lembrá-los. Bastava entrar na sala e o pedido para que lesse mais uma parte era quase que unânime. Assim seguimos até o término da obra, o que levou em torno de dois meses.
À medida que avançávamos nas leituras e resumos, fui solicitando que os alunos fossem digitando seus textos em Word em casa. Quando acabamos a leitura cada aluno estava com seus resumos digitados. Pedi que trouxessem salvo em pen-drive seus textos digitados (cabe salientar que já havia trabalhado com este recurso antes e cada aluno já possuía o seu). Foi a hora em que fomos para a sala de aula digital. Passei à turma as orientações para a formatação do trabalho ( arial – 12 – justificado – entrelinhas 1,5; títulos e subtítulos em 20). Inicio-se o processo de adequação das digitações às orientações dadas. Devidamente salvas, passamos a outra fase. A capa.
A confecção da capa do trabalho ficou livre a escolha da formatação. Podendo ser buscada na internet uma gravura sobre a história para enriquecer o trabalho. Após veio o desafio final: escolher de 8 a 12 passagens (capítulos) do trabalho de resumo já formatado para ser ilustrado por eles. Feita a escolha, espaçou-se a digitação para enquadrá-las ao texto. A seguir salvamos novamente em pen-drive e fomos a uma livraria para imprimir e encadernar cada trabalho. Em sala, os alunos ilustraram e coloriram seus desenhos e assim surgiu um pequeno livro de resumo da obra “O Pequeno Príncipe”. (fotos em anexo)
Os alunos sentiram-se tão orgulhosos do trabalho feito, que resolvemos expô-los na Feira do Livro da escola (23 e 24 de novembro). Creio que atingi meu objetivo. Sei que não surgiram grandes escritores, nem textos de resumos perfeitos, mas aprenderam COMO FAZER um resumo e que resumir não é copiar. O primeiro passo foi dado e tenho certeza que agora sabem como caminhar sozinhos.
Também trabalhamos com a produção de charges com personagens da obra em questão. Os alunos deram asas à imaginação criando textos originais e super-criativos (fotos em anexo).
Como culminância do trabalho, as turmas de sétima série assistiram ao filme “O Pequeno Príncipe” na sala de vídeo da escola e puderam observar as diferenças entre ler um livro e assistir a um filme. Compreenderam como a leitura é mais rica e, muitas vezes, mais atraente que o filme da mesma obra.
Espero ter contribuído com uma sugestão de trabalho prazeroso e envolvente aos demais professores que amam o que fazem.
Profª Luciane Rech









2 comentários:

  1. Luciane, teu relato está claro e tão rico em detalhes que quase posso viajar no tempo/espaço e vivenciar esses momentos de leitura em sala de aula. Parabéns!
    Fico muito feliz que compartilhes essas tuas experiências conosco! É essa uma das finalidades do blog.
    Um dia desses navegando na web encontrei um texto e um dos trechos dizia: "O ato responsável de escrever e ler se justifica porque temos falado demais, e na oralidade as palavras circulam depressa demais, sentimo-nos fora de nós mesmos, nossas palavras nos atacam. Dizemos as palavras e as perdemos. A leitura e a escrita são meios de deter o tempo crônico, veloz, que nos arrasta. No ler e no escrever podemos sentir as palavras de uma forma diferente, mudamos nossas relações com as palavras, para que alguma coisa seja tirada do silêncio." Wilson David (http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/a00006.htm)
    Acho que esses escritos nos ajudam a entender a importância dos momentos em que lias o livro para os alunos e eles faziam os registros em seus cadernos... Concordas?
    Aguardo notícias sobre a exposição na feira do livro!
    Abraços, Camila

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  2. Luciane, bárbaro o teu relato.
    imagino o sucesso deste trabalho na sala de aula e imagino também a alegria dos teus alunos!
    Eu fico muito feliz de perceber que tu colocas em prática exatamente aquilo que discutimos como ideal nas conversas do nosso curso, ou seja, o trabalho com a leitura visando, não apenas aspectos cognitivos,como também os afetivos, de autoconhecimento e de construção de cidadania.
    Show!
    Um abraço de uma professora orgulhosa! Laura

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