quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Café da manhã no Rio de Janeiro

O fato que aqui relato como exemplo de regionalismo aconteceu em 1983, comigo mesma, na cidade do Rio de Janeiro.
Quando iniciei o magistério em 1980, enquanto turma, tínhamos um sonho: conhecer o Rio de Janeiro. Durante os três anos do magistério realizamos promoções diversas, recolhemos mensalidade e tudo mais que fosse necessário para angariar fundos para custear a viagem, uma vez que éramos de famílias modestas e nossos pais não arcariam com tal despesa.  Passados três anos tínhamos dinheiro suficiente para quinze dias de viagem. São Paulo, Belo Horizonte, Petrópolis, Rio de janeiro... sonho!!!
Então, foi no Rio que o fato aconteceu. Logo ao chegarmos, de ônibus – aproximadamente quatro horas da manhã – resolvermos tomar com café antes de irmos a Lapa, pois ficaríamos hospedados numa casa de estudantes. Pois bem, sem muito dinheiro e sendo o primeiro dia, resolvi consultar o cardápio e os preços para só depois fazer meu pedido. Fiquei feliz: torrada a preço de banana! Estava satisfeita e mostrei a outra colega o quanto a torrada estava barata. Óbvio que se espalhou e várias amigas fizeram o mesmo pedido: uma torrada e uma taça de café.
Foi ao receber o pedido que a surpresa e a decepção abateram-nos. O garçom coloca a nossa frente uma fatia de pão de sanduíche torrada e uma bolinha de manteiga. Chamamos o garçom novamente para reclamar: pratos trocados! Não havíamos pedido pão torrado e sim torrada!!! Ao que ele respondeu que isso era torrada. Esclarecemos: pão, queijo, presunto... e ele responde que isso era mixto quente!!!
Então descobrimos que a nossa torrada para o carioca é mixto quente e nosso sanduíche é mixto frio!!! Em suma: pagamos caro e ficamos com fome. O pior, fui crucificada e por um bom tempo minhas colegas “pegavam no meu pé” com a história da torrada. Rendeu até charge no jornal da cidade quando voltamos.
            Assim é o nosso Brasil: uma só língua e vários dialetos!
                                                                                                                           Luciane Rech

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